No ano de 2000, depois do acidente, um anjo nos presenteou com uma fita K7.
Diante do acontecido, com todas as conturbações, essa fita ficou guardada sem nome, sem remetente…ficara esquecida na porta do carro.
Num belo e abençoado dia, coloquei-a no toca-fitas…
…lágrimas escorreram em meu rosto. A emoção tomou conta do meu coração e aquelas suaves palavras penetraram no fundo da minha alma. Que lenda maravilhosa! Quem a teria nos enviado? Não conseguimos descobrir… por isso, digo que um anjo nos presenteou.
À esse anjo, nossa eterna gratidão. Foram palavras que cobriram com um manto os nossos corações dilacerados e nele permanecerá para sempre.
” As duas jóias
Narra uma antiga lenda árabe, que um rabino, religioso dedicado, vivia muito feliz com sua família.
Esposa admirável e dois filhos queridos.
Certa vez, por imperativos da religião, o rabino empreendeu longa viagem ausentando-se do lar por vários dias.
No período em que estava ausente, um grave acidente provocou a morte dos dois filhos amados.
A mãezinha sentiu o coração dilacerado de dor. No entanto, por ser uma mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança em Deus, suportou o choque com bravura.
Todavia, uma preocupação lhe vinha à mente: como dar ao esposo a triste notícia? Sabendo-o portador de insuficiência cardíaca, temia que não suportasse tamanha tristeza.
Lembrou-se de fazer uma prece. Rogou a Deus auxílio para resolver a difícil questão. Alguns dias depois, num final de tarde, o rabino retornou ao lar.
Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos…
Ela pediu para que não se preocupasse. Que tomasse seu banho e logo ela lhe falaria sobre os moços.
Alguns minutos depois, estavam ambos sentados à mesa. Ela lhe perguntou sobre a viagem e logo ele perguntou novamente pelos filhos.
A esposa, numa atitude um tanto embaraçada, respondeu ao marido:
-Deixe os filhos; primeiro quero que me ajude a resolver um problema que considero grave.
O marido, já um pouco preocupado perguntou:
– O que aconteceu? Notei você abatida! Fale!
Resolveremos juntos com a ajuda de Deus.
-Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas jóias de valor incalculável, para que as guardasse. São jóias muito preciosas! Jamais vi algo tão belo! O problema é esse! Ele vem buscá-las e eu não estou disposta a devolvê-las, pois já me afeiçoei a elas. O que você me diz?
-Ora mulher! Não estou entendendo o seu comportamento! Você nunca cultivou vaidades!…Por que isso agora?
-É que nunca havia visto jóias assim! São maravilhosas!
-Podem até ser, mas não lhes pertence! Terá que devolvê-las.
-Mas eu não consigo aceitar a idéia de perdê-las!
E o rabino respondeu com firmeza: ninguém perde o que não possui. Retê-las equivaleria a roubo!
-Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Faremos isso juntos, hoje mesmo.
-Pois bem, meu querido, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido. Na verdade, isso já foi feito. As jóias preciosas eram nossos filhos.
-Deus os confiou à nossa guarda, e durante a sua viagem veio buscá-las. Eles se foram…
O rabino compreendeu a mensagem. Abraçou a esposa, e juntos, derramaram muitas lágrimas.
Extraído do livro “Quem tem medo da morte” ”
fonte: http://mensagensepoemas.uol.com.br/pensamentos/esperanca/as-duas-joias.html
Marina;
Fui até o seu site, indicado pela amiga Sandra.
Perde um filho de 4 anos em 28 de julho de 2009; meu segundo anjo num total de quatro.
Um acidente de carro, em que estavam meu filho Felipe (4), meu filho Arthur (11), minha sogra e meu sogro; o qual passou mal e invadiu a outra pista.
Deus, ainda foi muito bom, pois meu filho Arthur (11), sobreviveu à esta tragédia, fraturando apenas a clavícula.
Minha esposa estava grávida de nove meses, nascendo depois a ISIS, minha primeira filha.
Os filhos são insubistituíveis; e esta lacuna fica em aberto para o resto da vida.
Eh um vazio enorme que para ser “preenchido” de consolo, de aceitação, de saudade, de tudo que se relacione com os bons momentos vividos, demanda muito tempo.
Lendo e refletindo sobre esta lenda árabe, percebo ainda mais que apenas guardamos estas jóias (os filhos).
Porém, não pensamos nunca em ter que devolve-las, afinal na nossa lógica, lógica dos homens, os filhos eh que acabam por enterrar os pais.
Assim, eles (os filhos) eh que acabam por devolver as jóias (os pais), os quais os orientaram durante toda a vida.
Mas, quando somos surpreendidos pela devolução das jóias por parte dos pais; eh aí que tudo desmorona.
Você fica sufocado, e não entende o porque desta devolução tão cedo.
Vocês são hérois.
Eu, minha esposa, achamos que não vamos dar conta de carregar este fardo; mas imediatamente confiamos em Deus por tudo, e aí vem a calma para continuar vivendo.
Sabemos que Deus, sabe tudo que eh melhor para nós; apenas não estamos preparados para desfechos tão inesperados em nossa vida.
Devemos mesmo, confiar em Deus e continuar vivendo, pois um dia acharemos a resposta para tudo isto.
Foi um prazer conhecê-los, e poder compartilhar de momentos especiais.
Sáude e Paz a vocês.
Abraços.
Edgard.
Caro Edgard,
é com aperto no coração que releio o seu comentário.
Na ocasião estava em pleno preparativo para uma viagem e não pude respondê-lo, desculpe-me.
Meus sentimentos pela passagem de seu filhinho Felipe.
Entendo perfeitamente o que é esse vazio e creio que estão passando pela pior fase. Quando perdi meu primeiro filho, achava que não suportaria tamanha dor e nada do que os outros falavam me confortava. Sentia aquela dor me consumindo e depois de 6 meses do falecimento, a saudade me dilacerava. Sentia-me totalmente impotente e embora parecesse forte por fora, na intimidade do meu quarto, me entregava às lembranças. Queria mantê-las frescas em minha mente, pois acreditava que era tudo o que havia restado do meu filho.
Eu estava errada. Temos muito mais do que as simples lembranças. Temos uma ligação de corações, de almas. É como se existisse um fio nos conectando um ao outro. Passei a pensar que não deveria me manter triste, para não passar essa tristeza para ele. Sim, a saudade é inevitável, mas não precisa conter dor. Passei a conversar em pensamento com ele, a sentir saudade com muito amor.
Acredito que viemos à essa vida de passagem, para aprendizado e crianças que se vão tão cedo, são iluminados, elevados, não mais necessitando ficar aqui.
Temos que nos elevar, nos iluminar também, para podermos reencontrá-los quando chegar a nossa hora, quando estivermos preparados para a graduação para um plano melhor.
Não é fácil, eu sei, mas digo com certeza, que devemos continuar a plantar bons pensamentos, com muita esperança, pois o tempo se encarregará de acalmar nossos corações partidos.
A marca da cicatriz da ferida permanecerá, mas não mais estará sangrando.
No meu caso, o processo de cicatrização foi interrompida e por essa razão demorou um pouco mais para fechar, mas hoje, passo a mão no coração, sinto uma enorme marca, mas sinto também o sorriso dos meus 3 filhos me incentivando a seguir em frente.
Tenho certeza que o Felipe já está sorrindo, orgulhoso dos pais que tem.
Desejo muita paz, sempre de mãos dadas e corações unidos.
Grande abraço,
Marina Ushiro.
que lindo parabens